Atendendo a pedidos a memória desafia o tempo em busca de nossas melhores lembranças. Graças a ela, uma simples imagem é suficiente para que toda magia de um instante nos invada novamente e, num processo rejuvenescedor, acabe revelando que na maioria das vezes, o que julgamos perdido, está somente guardado a nossa espera. E como a nostalgia é um estado de espírito presente somente em quem viveu momentos felizes, o Acervo resgata uma coletânea de títulos que vão do clássico ao contemporâneo e são endereçados a todos que nos escrevem lembrando de momentos tão especiais de suas vidas. Aos amigos, nosso muito obrigado.

Moda



Em fustão amarelo com gola
em pé,bolsos enfeitados com
botão, dosingleses Gibbels &
Bryant de 1950. Em crepe azul
com saia espiral vestido de
Porters de 1951.Vestido com
saia rodade de algodão com
pois, criação de Rochas, 1953.
Depois da Segunda Guerra, Paris retoma seu lugar como capital da moda internacional e lança o new look (1947), criação do modista Christian Dior, diretor das maisons de couture do industrial têxtil Mareei Boussac. As saias encurtam, a cintura diminui, seios são realçados, os tecidos ganham estampas alegres e coloridas.
Chapéu frutinha, bolsa de 
miçangas e sapato stiletto.

Além de Dior, outros mestres da costura internacional ditam a moda que irá pontificar também nas noites de gala brasileiras: Falh, Pierre Balmain, Rouff, Griffe e Lanvin. Nos anos 50, os mais procurados modistas brasileiros viajam frequentemente a Paris: José Ronaldo, Nazarelh, Paulo Franco (da loja Vogue), Elza Haouache, Mme. Rosita, Jacyra, DoI1, Canadá, Mme. Janrot. Chemisiers de lingerie. saias plissadas e tecidos sintéticos (nylon e rayon) são algumas das inovações. Grandes magazines, como o Mappin, popularizam a "alta moda", através do crediário. E o começo do prêt.à-porter.

Segundo a cronista de moda llka Labarthe, os dois modelos de roupa feminina mais importantes dos anos 50 eram o redingote, e o tailleur.

O primeiro era um vestido acinturado, de saia larga, preso na frente e com cinto fantasia atrás (martingale). O segundo, um conjunto de saia (justa) e casaco, usado com blusa ou jabot (preso no pescoço, cobrindo só a frente). "Estes modelos são confeccionados em tweed, drap, aleoulaine e tecidos grossos ou lisos.

Vestido de gorgurão (gros grain), criação Russeks de 1956. Calça cumprida de helanca, linha esportiva,  lançada em 1955. Modelo em nylon, gola em pé adornada com laço de fita, peitilho e mangas plissadas, dos americanos Abrahan & Straus de 1952. E o sapato de couro (do S.A. Cortume Carioca) confere ar de elegancia à levíssima blusa.



Chanel de tecido “vedette”
rosa Da Rhodianyl e lã, 1960.
Vestido chemisier de flanela
de lã, outono 1964. Saia ampla
no modelo francês de 1960.
Em 1960, os vestidos acinturados foram para o fundo do baú. Em seu lugar, chegaram os vestidos chemisiers, com saias retas ou evasées, decotes ousados e uma echarpe no pescoço. Desde então, a tendência de roupas com linhas alongadas não parou mais.

Os "tubinhos" substituiram babados e enfeites de rendas por franjas, espirais e correntes douradas. A liberação atingia as praias, e, em 1963, as moças desfilavam, pela primeira vez, com maiô de duas peças. Ainda não era o biquíni, mas já provocava escandâlos e desaprovação das famílias. Outro lançamento que causou sensação na época foi a calça Saint-Tropez, com cintura baixa e que deixava a mulher com o umbigo de fora.

Em meados da década de 60
começa a aparecer a moda unisex.
Paralela a essa corrida pela liberdade de movimentos, desencadeou-se uma ofensiva dos fabricantes de fibras sintéticas. Embora, a princípio, estes tecidos fossem importados, com o tempo passaram a ser produzidos pelas indústrias nacionais, popularizando-se as confecções em ban-lon, tergal, nylon, acrílico, rayon e poliéster.

 Em 1963, os costureiros desenhavam tailleurs e terninhos com japonas 7/8. As revistas anunciavam "a sobriedade que os homens tanto apreciam em tecidos e padronagens traduzida para a graça feminina".

Escândalo e
polêmica

Mas essa sobriedade não era total. Em 1964, a VII FENIT expunha, como curiosidade, o monoquíni. Estava vestido num manequim de borracha e não obteve sucesso. Os homens comentavam que já não havia mais com que sonhar, diante de peça tão ousada.

Mesmo assim, as mulheres ansiavam por mudanças, e estas começaram a acontecer em 1965: as saias tomaram-se mais curtas, numa moda rodopiante e alegre, suave e viva ao mesmo tempo. Nessa época, por influência da arte, os estampados também mudaram: os vestidos obedeciam à linha Op (da Op Art), com motivos geométricos. Os temas gráficos substituíram as estampas de flores, frutas e listras dos anos anteriores, bem como a febre de bolinhas do início dos anos 60.

É a partir do começo dos anos 60 que o prêt-à-porter vai chegar de alguma maneira à verdade de si mesma, concebendo roupas com um espírito voltado à audácia, à juventude, à a novidade do que a perfeição. Uma nova espécie de criadores se impôs, não pertencendo mais, fenômeno inédito, à Alta custura.

Mas o maior sucesso foi a criação da moda jovem de 1965/66, por influência dos Beatles.

Yves Saint Laurent, 1965, inspirado no pintor Mondrian. Modelo unisex do estilista de vanguarda Pierre Cardin, 1967.
Em 1965, estão na moda os vestidos de saias godês ou com pregas plissês, sapatos, bolsas de verniz amarelo e colar de passamanaria com pérolas. Modelo Pierre Cardim confeccionado em crepe degradê  e fitas de organza na cabeça indicado para à noite.

Vestido cor de rosa com recorte
na frente e malha canelada.
Calça e jaqueta de malha tergal
vermelha. Lindas e práticas as
saias longas são mais femininas.
A década de 70 foi um tempo onde todas as culturas e estilos reclamaram seu espaço ao mesmo tempo. Chocar, antes de mais nada, era a intenção principal. É por isso que essa época também é marcada por um modo de vestir "tudo junto". Para alguns, quanto mais disparate a combinação, melhor.

A mini, vinda dos anos 60, teve uma overdose e virou micro antes de perder a vez para o short, a midi e a máxi. Do short (também conhecido como hot pants) disse o árbitro da elegância, Ibrahim Sued: "O short, para quem não tem bom gosto, tem uma vantagem, você o usa para cozinhar e, se tiver que fazer compras à tardinha, pode sair com o próprio". (Manchete, fevereiro de 1971)

Saia longa própria para todas as ocasiões
em algodão crú com grandes bolsos.
.
A mini/micro fazia a alegria da estudantada nas escolas e universidades com escadas. Na PUC do Rio, os padres finalmente liberaram o uso de calças pelas moças diante do fato incontornável que a subida para as aulas, pelas escadas vazadas, estava se tornando um espetáculo com alto índice de audiência.
A midi transformava instantaneamente qualquer mulher numa matrona, mas Bianca Jagger usava com saltos plataforma e tudo bem. Mas a máxi acabou imperando e, em todos os materiais possíveis e imagináveis, trafegou livremente entre caretas e desbundadas. Só era complicado quando chovia. E na hora de pegar ônibus.

Essa explosão de elementos deu aos designers um vasto material para trabalho, com a segurança de um público ansioso por novidades. Outros, entretanto, não abriram mão do romântico e natural. Por isso, diversas décadas passadas se transformaram em fonte de inspiração, como os anos 20 e o início do século. Biba, Ossie Clark e Yves St. Laurent foram expoentes desse estilo.

Calça de tergal com listras
bem finas, bolsos horizontais
bem junto do cós.
No final da década, o filme Saturday Night Fever inaugurou a era disco. Apesar de ter pouca duração, seus efeitos podem ser sentidos até hoje. Suas cores, brilhos, formas são desejos explorados pelos estilistas de todas as décadas seguintes. O estilo glam exigia cetim, lantejoulas, palidez, olhos bem marcados e uma certa disposição para fazer as sobrancelhas desaparecerem os mais empolgados chegavam a raspá-Ias inteiramente, mas a maioria mandava mesmo uma água oxigenada nelas. O modelo era David Bowie (fase Ziggy Stardust / Pin Ups / Diamond Dogs) e a base era a androginia, o visual que Bowie mesmo definia na canção "Rebel Rebel": "seus pais não sabem se você é menino ou menina".

Estilo glan: menino ou men
Quem não tinha acesso à maquiagem teatral dos popstars recorria ao pancake e colava estrelinhas de papel e lantejoulas no rosto com cola de cílios postiços. Rita Lee teve uma longa fase glam, Wanderléa teve seu momento, em 72-73, quando se mudou brevemente para Los Angeles, mas os grandes ícones do estilo foram os Secos & Molhados e os Dzi Croquettes. Os antecedentes do estilo disco da segunda metade da década estão com certeza no visual glam.

Foram nos anos 70 que os sapatos plataforma voltaram à moda, renovado por adornos, e unissex. Aliás, o modo unissex de vestir se fortalece no final dos anos 70 e início da próxima década. Shorts curtos, botas de diversos tamanhos, saltos grossos e acessórios são apenas alguns exemplos desse novo modo de encarar o feminino/masculino, sem falar nos tênis, trazidos pelos esportes que cada vez mais conquistavam adeptos.

O exagero, marca da década, nos sapatos e acessórios.



Luxo, poder e status podem
definir com exatidão os
desejos dessa década.
Os anos 80 serão eternamente lembrados como uma década onde o exagero e a ostentação foram marcas registradas. Os seriados de televisão, como Dallas, mostravam mulheres glamourosas, cobertas com jóias e por todo o luxo que o dinheiro podia pagar. Os yuppies, executivos jovens sedentos por poder e status, também eram outro movimento.

A moda apressou-se por responder a esses desejos, criando um estilo nada simplório. Num afã em ostentar, todas as roupas de marcas conhecidas tinham seus logos estampados no maior tamanho possível, com preços proporcionais. O jeans alcança seu ápice, ganhando status. E os shoppings tornaram-se paraíso dos consumistas.

Mas, não bastava ser bem-sucedido e bem-vestido. Nessa década, ter um corpo bonito e saudável era essencial para o sucesso. Assim, numa continuidade pelo amor aos esportes inaugurado na década anterior, explodiram academias por todos os cantos, onde os frequentadores iam com suas polainas e collants para as aulas de aeróbica, movidas por músicas dançantes e ritmadas, com temática comum: ginástica, poder, sucesso.

O jeans alcança seu ápice e ganha status em
versões informais com linhas mais suaves
Influenciando as roupas, o espírito esportivo levou o moletom e a calça fuseaux para fora das academias e consagrou o tênis como calçado para toda hora. Este último também fez ressurgir a moda de calçados baixos, como os mocassins, tanto multicoloridos como clássico.O "molhado", conseguido com gel e lookmousse para cabelos, fez a cabeça de homens e mulheres, ao lado das permanentes fartas e topetes tão altos quanto se conseguisse deixá-los.

A cartela de cores era vibrante, prezando por tons fortes e fluorescentes, com jogos de tons e contrastes. A modelagem era ampla. As mulheres, que nesse momento ingressaram
Capacete de pois: criação
espirituosade David Shillin
maciçamente no mercado de trabalho à procura por cargos de chefia, adotaram o visual masculino. Cintura alta e ombros marcados por ombreiras era a silhoueta de toda a década, ao lado de pregas e drapeados para a noite ou dia. A moda masculina seguiu o mesmo estilo, com ternos folgados e
Tênis: calçado para toda hora
calças largas. Para os acessórios, tamanho era sinônimo de atualidade.

A música se consagrou como formadora de opinião e estilo, levando ao estrelato cantoras como Madonna, que influenciou a sociedade com seu estilo livre e despudorado. O Punk, New Wave e Break também merecem destaque.

Em um universo tecnológico (o Atari surgiu nessa época), a moda também inspirou-se no Japão, emergente com suas novidades, e em tudo o que fosse eletrônico... neons, computadores, automáticos.

A febre fluor e as coqueluches dos anos 80: sapatos doksides para eles e sandálias Melissa para elas.
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Fontes: Nosso Século - Editora Abril / O Império do Efêmero - Companhia das Letras
Enciclopédia da Moda - Companhia das Letras / O Design do Século - Editora Ática
Almanaque Anos 70 - Ediouro / Almanaque Anos 80 - Ediouro / www.modapoint.com.br

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