Atendendo a pedidos a memória desafia o tempo em busca de nossas melhores lembranças. Graças a ela, uma simples imagem é suficiente para que toda magia de um instante nos invada novamente e, num processo rejuvenescedor, acabe revelando que na maioria das vezes, o que julgamos perdido, está somente guardado a nossa espera. E como a nostalgia é um estado de espírito presente somente em quem viveu momentos felizes, o Acervo resgata uma coletânea de títulos que vão do clássico ao contemporâneo e são endereçados a todos que nos escrevem lembrando de momentos tão especiais de suas vidas. Aos amigos, nosso muito obrigado.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Guerra Austro-Húngara


A.E.I.O.U. dizia o estandarte das tropas austríacas. As cinco vogais formavam o monograma da dinastia dos Habsburgos; governantes do Sacro Império Romano-Germânico. Elaboradas por Frederico V; no século XV. mostravam o orgulho e a ambição da casa real, pois significavam: AUSTRIAE EST IMPEMRE OI UNIVERSO (O destino da Áustria é imperar sobre o mundo). No entanto, a profecia no monograma jamais se cumpriu.

Chanceler Clemente de Metternich
Os Habsburgos descobriram uma fórmula simples para proceder à expansão de seus domínios: fazer casamentos e não guerras. E através dos enlaces, uniram sob seu brasão o império Austríaco - formado pela Áustria, pelos reinos da Hungria, da Boêmia, da Lombardia-Veneza (Itália) e da Galícia (sul da Polônia) - que repousava sob uma série de minorias étnicas (húngaros, croatas, tchecos, etc.) que haviam sido aleatoriamente repartidas pelo Congresso de Viena, cujas diferenciações nacionais eram mantidas e estimuladas pela Áustria, que também tinha por lema “dividir para governar”.

A participação da Áustria nas campanhas que determinaram a queda de Napoleão foi pequena. Mas o Chanceler Clemente de Metternich valeu-se da oportunidade para iniciar uma vigorosa ação diplomática visando restaurar valores absolutistas abalados pelos ideais da Revolução Francesa. Pretendia, a um só tempo, manter o Império e criar mecanismos de defesa contra as revoluções liberais, que ele considerou uma "medonha catástrofe social", de que "a civilização escapou por pouco".

A Áustria-Hungria era uma região economicamente atrasada. No campo persistiam os laços de servidão e nos centros urbanos, a pequena burguesia, os artesãos e os operários eram explorados pela burguesia local, pouco numerosa. Tais condições permitiram aos líderes antiabsolutistas organizar manifestações de rua e barricadas tão logo a notícia dos levantes de fevereiro, ocorridos em Paris, chegou a Viena. 

Por toda Europa somam-se as exigências republicanas
denuncias contra os excessos capitalistas
Entretanto, todo o esquema de repressão não foi suficiente para abafar os acontecimentos do ano de 1848, que se convencionou chamar de “Primavera dos Povos”, ou "Esquina da História”. Em fevereiro deste ano, a França rompia com o espírito do Congresso de Viena, proclamando a República. Foi o estopim que incendiou toda a Europa central. Aos princípios do liberalismo e do nacionalismo herdados das revoluções francesas de 1830 somaram-se a agora, o socialismo. Em março, uma multidão liderada por estudantes atacou a residência de Metternich, que fugiu para a Inglaterra, forçando o Imperador Francisco I promulgar uma Constituição, com o qual esperava poder enganar o povo.

Francisco José I
Schwarzenberg, o novo primeiro-ministro,  fechou a Constituinte forçando o Imperador a abdicar em favor de seu sobrinho Francisco José I que assume no momento que multidões de operários e estudantes amotinados pressionam o Governo para a instalação de um regime liberal. Francisco José adota o liberalismo e suprime os restos das obrigações feudais que recaíam sobre os camponeses. Enquanto Viena "distraía" o monarca, os húngaros proclamaram a independência, chefiados por Luís Kossuth. Mas Francisco José massacra os revolucionários, suprime as liberdades obtidas pela revolução de 1848, fecha o Parlamento.

Entendia o poder como uma autocracia sustentada pela cruz e pela espada. Mas não tinha força suficiente para mantê-la. E nem as condições sociais e políticas permitiriam tal coisa. Suas hesitações também lhe trariam derrotas: na política da Guerra da Criméia, prejudicou a Áustria, em benefício dos russos e ingleses. E sua grande cartada, a convocação dos Estados alemães sob sua presidência (Confederação Germânica), foi perdida para Bismarck, que, antecipando-se, unifica a Alemanha sob a coroa de Guilherme I, da Prússia. Sem a Criméia e a Alemanha, sem bases pessoais e sociais para fazer sua política, Francisco José teve que render-se ao constitucionalismo.

As pretensões de avançar seus domínios aos Balcãs, 
gera a morte de seu sucessor e apressa o fim do Império

Em 1867, os húngaros forçaram o imperador Francisco José I a dar à Hungria o mesmo status que a Áustria detinha no Império. Ambos os países teriam governos autônomos, mantendo em comum apenas os ministros da Guerra, Marinha e Relações exteriores e, naturalmente, o soberano, desistindo de suas características absolutas. Era o império dual, chamado Austro-Húngaro.

A pretexto da morte de seu sobrinho e herdeiro Arquiduque Francisco Ferdinando na Bósnia por um nacionalista sérvio, o Império declara guerra em 1914 ao pequeno reino eslavo da Sérvia (pan-germanismo). O conflito atraiu em poucos dias todas as potências da Europa, transformando-se na I Guerra Mundial, já que os países europeus estavam divididos em dois grandes grupos, garantidos pelos tratados da Tríplice Aliança (Alemanha, Itália, Áustria-Hungria) e da Tríplice Entente (França, Rússia; Inglaterra).

A derrota final das nações centrais traduziu-se na extinção do Império. Antes mesmo do armistício de 03 de novembro de 1918, as minorias nacionais começaram a proclamar sua independência. A 12 de novembro, a Áustria tomou se República, sendo seguida pela Hungria. Desta forma, as duas nações separavam-se em definitivo. Pelos tratados de após-guerra, perdeu três quartos de seu território e população e a Hungria dois terços.

A Áustria tornou-se um pequenino país, sem saídas para o mar. Com a República, extinguiu-se o domínio Habsburgo e a Francisco José só restava conviver com suas tragédias pessoais: a execução do seu irmão Maximiliano no México; o suicídio, em circunstâncias mal conhecidas, do seu único filho, o arquiduque Rudolfo de Habsburgo, herdeiro do trono; o assassinato de sua mulher, a imperatriz Sissi por um anarquista em Genebra e o assassinato do arquiduque Francisco Fernando. Não havia mais lugar para imperadores no mundo.

A Áustria bastante enfraquecida devido às tentativas de independência da Hungria e às guerras da Itália, é derrotada por Bismark e perde o domínio dos antigos Estados da Confederação Germânica para Prússia de Guilherme I









FILMES RELACIONADOS COM O TEMA INDICADOS PELO ACERVO

Sissi (1955), dirigido por Ernest Marischka. Primeiro filme de uma trilogia sobre o relacionamento do Imperador Francisco José I com sua mulher Elisabeth, apelidada Sissi. Os outros filmes da trilogia são: Sissi. a Imperatriz e Sissi e seu Destino.

Mayerling (1968), dirigido por Terence Young. Sobre o trágico romance do filho do Imperador Francisco José I, da Áustria, com uma bailarina.

De Mayerlillg a Serajevo (1939), dirigido por Max Ophüls. A Corte austríaca depois da morte do único filho do velho Imperador Francisco José.

Lola Montês (1955), dirigido por Max Ophüls. A história da cortesã amante de Luis I, rei da Baviera, que se tornou pivô das rebeliões de 1848, em Munique.

A Carga da Brigada Ligeira (1968), dirigido por diretor Tony Richardson. O capitão britânico Nolané um oficial devotado desapontado com seu comandante, o lorde Cardigan. Já o lorde Raglan é um oficial tolo com estratégias de batalha desastradas e uma memória falha. Juntos, eles são enviados à Turquia para combater a invasão russa. Movidos pela arrogância e inépcia, eles enviam centenas de soldados da cavalaria para a morte certa num clímax que é "ao mesmo tempo, doloroso e magnífico"

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