Atendendo a pedidos a memória desafia o tempo em busca de nossas melhores lembranças. Graças a ela, uma simples imagem é suficiente para que toda magia de um instante nos invada novamente e, num processo rejuvenescedor, acabe revelando que na maioria das vezes, o que julgamos perdido, está somente guardado a nossa espera. E como a nostalgia é um estado de espírito presente somente em quem viveu momentos felizes, o Acervo resgata uma coletânea de títulos que vão do clássico ao contemporâneo e são endereçados a todos que nos escrevem lembrando de momentos tão especiais de suas vidas. Aos amigos, nosso muito obrigado.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Guerras Napoleônicas


"Em que medida, em 1799, a França estava pronta para receber um ditador, e em que medida esse ditador só poderia chamar-se Napoleão Bonaparte?"
Jean Paul Sartre

Napoleão Bonaparte
Durante o período do Diretório, fase final da Revolução Francesa, a França - cuja economia estava minada pela inflação, pela especulação e pela corrupção administrativa - estava mergulhada numa grande crise. Esta situação desagradava à população em geral e particularmente à burguesia, que via ameaçadas suas conquistas revolucionárias. No plano externo, o país continuava pressionado pelas grandes potências, principalmente Áustria e Rússia, que tentavam impedir a expansão dos ideais burgueses pelo resto da Europa.
                   
Diante desse quadro, a burguesia francesa buscou um líder capaz de estabelecer um governo forte e estável, a fim de consolidar sua posição de classe dominante. Foi escolhido Napoleão Bonaparte, jovem general do exército francês que vinha se destacando por seus feitos militares desde a época da Convenção.

Josefina de Beauharnais
Utilizando-se de uma sistemática censura à imprensa e apoiado por um forte aparato policial Napoleão para estabelecer a segurança econômica e a ordem administrativo pôs em prática um plano de reformas para sanear as finanças incentivar o desenvolvimento agrícola e industrial e reorganizar o ensino. Em 1802 através de plebiscito tornou-se cônsul vitalício e em 1804 com a promulgação do Código Civil Napoleânico institucionalizou os direitos burgueses e proibiu a organização.de sindicatos operários.

Seu objetivo tornou-se estabelecer um império universal sob o comando da França e liquidar com o poderio inglês.

Humilhando o Papa Pio VII, o egocêntrico Napoleão
sagra-se Imperador da França pelas próprias mãos

O Bloqueio Continental pretendia arruinar a indústria e o comércio da Inglaterra. Porém os ingleses perdendo momentaneamente o comércio europeu passaram a atuar na América espanhola e portuguesa ativando o contrabando. A indústria francesa foi afetada pois não conseguia substituir as mercadorias inglesas no mercado europeu o que acabou incentivando uma série de países a iniciar seu próprio desenvolvimento industrial. O contrabando de produtos ingleses para a própria França afetou sua produção gerando desemprego e agitações operárias.

O primeiro grande foco de revolta contra o Império Napoleônico foi a Espanha. A população espanhola, que jamais aceitara a imposição de José Bonaparte, irmão de Napoleão, como rei, passou a organizar governos populares locais - as Juntas Provinciais -, que armavam tropas para combater os invasores. Apesar de mobilizar seus melhores efetivos militares contra o povo espanhol, Napoleão sofreu suas primeiras derrotas em face do apoio inglês dado aos ibéricos. Em 1808 os franceses foram vencidos pelos espanhóis na Batalha de Bailén.

Em território espanhol, os exércitos napolônicos conhecem
pela primeira vez em batalha uma derrota 
Enquanto isso, na frente oriental austríaca, em princípios de 1809, surgiu um movimento nacionalista de libertação, que obrigou Bonaparte a abandonar a Espanha para enfrentar a Quinta Coligação (Inglaterra e Áustria). Apesar dos reveses iniciais, os franceses saíram vencedores na Batalha de Wagram contra os austríacos. Com a derrota, a Áustria teve seu território retalhado e sua força militar reduzida, sendo obrigada a selar, através do novo ministro Metternich, uma aliança coma França.

 As constantes guerras de Napoleão desgastaram a França e seus aliados. Nas áreas já dominadas começaram a surgir com a ajuda dos ingleses revoltas contra a presença francesa. A desastrosa campanha de Napoleão na Rússia em 1812 enfraqueceu a França abrindo espaço para que os exércitos coligados invadissem Paris em 1814 e depusessem o imperador.

A marinha, ponto fraco do imperialismo francês, tornou-se
evidente após a vitória inglesa em Trafalgar 
Ao decretar o Bloqueio Continental, Napoleão acabou entravando o desenvolvimento da indústria francesa descontentando a alta burguesia. Esta bastante onerada pelo frequente aumento de impostos não hesitou em retirar seu apoio ao imperador diante de seus primeiros fracassos militares. Logo após a invasão de Paris pelas forças coligadas. a burguesia permitiu que a monarquia fosse restaurada na França.

Impondo ao novo rei, Luís XVIII, uma Constituição baseada no modelo inglês, a alta burguesia assegurou o poder político, firmando-se como classe dominante. Assumiu o controle do Legislativo formado pela Câmara dos Pares, de caráter hereditário, e pela Câmara dos Deputados, eleita por voto censitário -, o que eliminava o povo de qualquer participação nas decisões políticas.

Moscou, à merce dos franceses, destrói seus campos cultivados e incendeia sua cidade restando a Napoleão, carente de alimentos e castigado pelo rigoroso inverno das estepes, retirar-se, tendo em seu encalço os exércitos czaristas.
O império napoleônico começa a se desfazer.




FILMES RELACIONADOS COM O TEMA INDICADOS PELO ACERVO

Napoleão (1927), dirigido por Abel Gance. Biografia de Napoleão Bonaparte.

Madame Walewska (1937), dirigido por Clarence Brown. O filme relata a ligação amorosa de Napoleão com a condessa polonesa Maria Walewska, com quem o general francês teve um filho.

O Falcão dos Mares (1951), dirigido por Raoul Walsh. As aventuras do capitão inglês Horatio Hornblower durante as guerras napoleônicas.

Os Amantes de Toledo (1952), dirigido por Henri Decoin. Aventura baseada em romance de Stendhal sobre um amor proibido, durante a invasão napoleônica na Espanha.

Desiree, o Amor de Napoleão (1954), dirigido por Henry Koster. Baseado na obra de Annemarie Selinko, o filme relata o romance de Napoleão e sua namorada de infância, tendo como pano de fundo os principais episódios da vida do imperador francês.

Napoleão (1955), dirigido por Sacha Guitry. Cinebiografia do general francês, baseada nos inúmeros retratos de Napoleão.

Guerra e Paz (1956), dirigido por King Vidor. Baseado na obra homônima de Leon Tolstoi, o filme mostra a situação da Rússia durante a invasão napoleônica em 1812.

Orgulho e Paixão (1957), dirigido por Stanley Kramer. Canhão abandonado pelo exército espanhol é transportado por guerrilheiros com a ajuda de um oficial britânico. para ser usado contra as tropas napoleônicas.

Madame Sans-Gêne (1961), dirigido por Christian Jaque. A ascensão de uma mulher do povo a elevada posição social, simultaneamente à subida de Napoleão ao trono francês.

O Retrato de Goya (1971), dirigido por Konrad Wolf. A vida do pintor espanhol, suas relações com a corte, com a invasão napoleônica e sua consagração depois de morto.

Os Duelistas (1977), dirigido por Ridley Scott. Sobre os duelos constantes de dois soldados franceses durante as guerras napoleônicas.

Adeus Bonaparte (1985), dirigido por Youssef Chahine. Através do destino de uma família egípcia, mostra a trajetória da campanha de Napoleão no Egito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário