Atendendo a pedidos a memória desafia o tempo em busca de nossas melhores lembranças. Graças a ela, uma simples imagem é suficiente para que toda magia de um instante nos invada novamente e, num processo rejuvenescedor, acabe revelando que na maioria das vezes, o que julgamos perdido, está somente guardado a nossa espera. E como a nostalgia é um estado de espírito presente somente em quem viveu momentos felizes, o Acervo resgata uma coletânea de títulos que vão do clássico ao contemporâneo e são endereçados a todos que nos escrevem lembrando de momentos tão especiais de suas vidas. Aos amigos, nosso muito obrigado.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Revolução Francesa



À medida que os burgueses, a partir do século XVIII, consolidavam cada vez mais seu poder econômico (com a Revolução Industrial) e seus valores intelectuais (com o Iluminismo), as instituições feudais do Antigo Regime da Era Moderna iam sendo superadas. Os avanços da burguesia levaram essa camada a revolucionar a estrutura vigente, pois só o domínio político poderia assegurar-lhe o poder, permitindo que ela dirigisse o Estado no sentido de atender a seus interesses. As revoluções burguesas repercutiram em todo o Ocidente, completando o processo a de transição do feudalismo para o capitalismo. Com elas inaugurou-se a Época Contemporânea, após a Revolução Francesa de 1789 o ter promovido a queda do modelo clássico do Absolutismo europeu.

Luís XVI: último rei da dinastia Bourbon

A sociedade francesa da segunda metade do século XVIII era estratificada em três ordens sociais: o Primeiro Estado (clero) e o Segundo Estado (nobreza) que perfaziam 4% da população e detinham todos os privilégios inclusive isenção completa de impostos, e o Terceiro Estado (povo em geral) de composição bastante diversificada sobre cujos membros recaíam todos os tipos de taxação.

Agricultura: abalada por crises climáticas técnicas rudimentares e baixa produtividade. Submetidos a taxações exorbitantes os trabalhadores viviam em tensão permanente. Indústria: permanência de corporações de ofício com produção insuficiente para atender ao mercado: indústrias domésticas de tecidos controladas por mercadores burgueses: manufaturas reais dedicadas a artigos de luxo e rigidamente controladas pelo governo mercantilista: e empresas particulares pouco numerosas dedicadas à siderurgia e tecelagem. Por depender das matérias-primas do campo a cada crise agrícola a indústria também se retraía. Comércio: a nível interno prejudicado pela permanência das alfândegas e a nível externo prejudicado pela perda de colônias que fez diminuir o fluxo de matérias-primas e manufaturados.

Maria Antonieta da Austria
 A crise econômica violenta a inflação e um déficit público irrecuperável levaram o rei Luís XVI a convocar os Estados Gerais numa tentativa de passar para o Primeiro e Segundo Estados a responsabilidade de resolver o impasse financeiro do país já que ambos se recusavam sistematicamente a abrir mão de seu privilégio de não pagar impostos.

 Marquês de La Fayette
Em Paris cresciam as atividades revolucionárias; armas foram distribuídas à população. Em substituição ao exército real, organizou-se a Guarda Nacional - milícia burguesa, que foi o embrião do exército revolucionário -, chefiada pelo Marquês de La Fayette. O povo parisiense, revoltado e temendo o deslocamento para a capital das tropas fiéis ao rei engrossadas por mercenários suíços, assaltou no dia 14 de julho de 1789 a prisão da Bastilha. Os camponeses se sublevaram, incendiando e saqueando os castelos dos nobres. Começava a Revolução, a partir de então, propagou-se um sentimento de ansiedade por todo o país - o Grande Medo que forçou nobres e grandes proprietários a emigrarem para o exterior, onde tentavam se reorganizar para invadir a França e restabelecer o Antigo Regime.

Robespierre: líder  jacobino
do Grande Terror
A Constituição de 1791 que inaugurava a monarquia constitucional na França fundamentava-se no liberalismo que abolia o feudalismo, estabelecia a liberdade de comércio, confirmava o direito à propriedade privada e adotava o voto censitário, resguardando assim os direitos da burguesia. 

O Partido Girondino (direita) representando a alta e média burguesia assumiu posições conservadoras procurando garantir suas propriedades e liberdade econômica. O Partido Jacobino (esquerda), representando a pequena burguesia e as camadas populares, caracterizou-se pela defesa de amplas reformas no país. O Pântano (centro) era politicamente indefinido apoiando ora girondinos ora jacobinos. Durante o governo jacobino foi decretado o tabelamento dos alimentos e dos salários. Algumas reformas pretenderam tornar equitativa a posse de terras e a cobrança de impostos.

Milhares de aristocratas e outros inimigos da Revolução
foram guilhotinados durante o Reinado do Terror
O rei tenta fugir para comandar a escalada contra-revolucionária sob a proteção da Áustria. Durante a fuga a família real é presa e o povo passa a exigir medidas mais radicais contra a nobreza e o clero.

A real cabeça de Luis XVI rolou vulgarmente da guilhotina. Morto, a constituição de 1791 não tinha mais sentido. Não haveria mais rei a ser submetido a ela. Em abril de 1792 a direita patrocina a declaração de guerra à Áustria, apoiada pela corte, como uma possibilidade de volta ao poder. Austríacos e prussianos aliam-se e invadem a França, mas são derrotados pela participação das massas populares, chamadas de sans-culottes.

Sans-culottes
Em 1793 foi promulgada nova Constituição inspirada em Rousseau que garantia o direito de voto a todos os maiores de 21 anos. Como essas reformas provocassem reações contrárias os jacobinos deram início ao Terror suspendendo a Constituição e adotando severas medidas para implantar pela força o governo revolucionário.

O objetivo do Pântano foi liquidar com o regime do Terror e anular todas as reformas sociais implementadas pelo governo revolucionário. Os clubes jacobinos foram fechados, suspendeu-se o tabelamento de preços e salários e uma nova Constituição (1795) restabeleceu o voto censitário.

Após uma tentativa de golpe dos monarquistas (1795) instalou-se o governo do Diretório marcado por desmandos políticos e desastrosa situação econômica. Diante do caos que reinava no país os membros do Diretório começaram a preparar um golpe de Estado para liquidar a oposição tanto de esquerda como de direita. 

O Golpe do 18 Brumário significou o fim da Revolução pois marcou a subida de Napoleão Bonaparte ao poder com apoio do exército e da alta burguesia para instalar um governo forte e centralizado decisivamente afastado da classe trabalhadora.

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, fruto da Revolução em 1789, estabelecia os direitos à igualdade de todos perante a lei, à liberdade individual, à propriedade privada e o direito de resistência à opressão.



FILMES RELACIONADOS COM O TEMA INDICADOS PELO ACERVO

A Queda da Bastilha (1935), dirigido por Iack Conway. Durante a Revolução Francesa dois homens apaixonam-se pela mesma mulher. Um deles sacrificase por ela, indo em seu lugar para a guilhotina.

Maria Antonieta (1938), dirigido por Woodbridge S. Van Dyke. Filme sobre um episódio da vida da rainha francesa: o "caso do colar de diamantes". Ao oferecer a jóia ao amante austríaco, Maria Antonieta teria desencadeado a Revolução I Francesa.

Marat-Sade (1967), dirigido por Peter Brook. Os internos do hospício de Clarendon', liderados pelo Marquês de Sade, encenam o assassinato de Marat.

A História de Duas Cidades (1980), dirigido por lim Goddard. Versão do livro Um Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens, sobre a Revolução Francesa.

Casanova e a Revolução (1982), dirigido por Ettore Scola. Um grupo de aristocratas segue o Rei Luís XVI em sua fuga para Varennes, a fim de escapar da revolução.

Danton, o Processo da Revolução (1982), dirigido por Andrzej Wajda. Os embates entre o líder popular Danton e Robespierre, durante o período do Terror.

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